Política Nacional de Defesa garantiu soberania, integridade territorial e defesa de nossas riquezas
Com Lula e Dilma, a Defesa finalmente alcançou a importância que merecia. Num tempo em que o Brasil era protagonista mundial, as Forças Armadas foram equipadas para uma defesa de paz, baseada na dissuasão – para desencorajar agressões – e na cooperação – como melhor garantia para a paz. O controle público da política de defesa levou nomes de prestígio global, como Celso Amorim, para chefiar o ministério da Defesa. O investimento em equipamentos e obras quadruplicou entre 2003 e 2015, passando de R$ 2,4 bilhões para R$ 9,8 bilhões, em valores atualizados para 2021. Com Lula e Dilma, o Brasil estabeleceu uma política de defesa à altura do protagonismo do país no cenário mundial.
Antes de Lula e Dilma, nossa Defesa enfrentava uma penúria tão grande que faltava até comida para os recrutas. A crise atingiu a manutenção dos equipamentos e a operação das tropas. Por falta de verbas para refeições, 44 mil recrutas tiveram redução do expediente de trabalho e dispensa adiantada. As manobras dependentes de combustível foram canceladas na parada militar de 7 de Setembro – apenas quatro blindados participaram do desfile.
A partir de 2003, a Defesa recebeu o devido reconhecimento. Formulada pelo governo Lula e reiterada pelo governo Dilma, a Política Nacional de Defesa parte do princípio de que o Brasil é pacífico, mas com total capacidade de defender nossa soberania, nossa integridade territorial e nossas riquezas, como, por exemplo, os imensos campos do Pré-Sal, a Floresta Amazônica e as maiores reservas de água doce do mundo.
Para tanto, é indispensável dispor de Forças Armadas bem remuneradas e equipadas, razão pela qual os governos do PT investiram cada vez mais na valorização dos servidores. Ao mesmo tempo, foi criado um caminho para a capacitação da indústria de defesa de forma a atender às necessidades do país e ao mesmo tempo gerar empregos e desenvolvimento.
A partir de 2004, foi implantada uma política de aumento real dos vencimentos das Forças Armadas de 33% para generais e de 50% para capitães, além dos ganhos adicionais, com variações de 13% a 28%, conforme a patente do militar, entre outras gratificações. Em 2015, a presidenta Dilma concedeu aumento médio de 30% escalonado em três anos.
Outra diretriz foi o impulso ao crescimento da indústria bélica nacional e suas exportações, que aumentaram 13 vezes em relação ao início do século, sem contar os projetos para a construção de aviões, helicópteros, tanques, submarinos (um deles com propulsão nuclear), sistema de vigilância de fronteiras e do espaço aéreo, entre outras prioridades.
Por fim, optou-se pela política de utilização das Forças Armadas nas emergências de ordem social, como no socorro em tragédias climáticas, campanhas de vacinação e reforço em ações de segurança pública, entre outras, além da valorização da presença das tropas no cenário internacional em missões de paz.
Nos governos Lula e Dilma, as Forças Armadas do Brasil foram preparadas e equipadas para a defesa do território e para cooperação em missões de paz. | Foto: Sgt. Johnson/Agência Força Aérea
“A defesa do país é inseparável do seu desenvolvimento”, afirma o texto da Política Nacional de Defesa, aprovado pelo Congresso em 2013. Assim, nos governos Lula e Dilma, além da modernização das Forças Armadas, o governo federal investiu na consolidação de uma indústria de defesa autônoma, com o desenvolvimento de tecnologias sob domínio nacional.
A convicção dos governos do PT era que no mar, em terra e no ar, o Brasil tem de estar pronto para desencorajar ameaças ou agressões provenientes de qualquer quadrante do globo. Daí a importância dos investimentos em projetos estratégicos, como o veículo blindado Guarani, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que envolve radares, sistemas de comunicação e veículos aéreos não tripulados, o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SISGAAZ), o avião de transporte Embraer KC-390 e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que colocou o Brasil no seleto grupo de países com capacidade para construir submarinos de propulsão nuclear.
Desenvolvido pelo Exército e fabricado pela Iveco, o blindado Guarani foi criado para ataque, defesa, patrulhamento e missões de paz. | Foto: Tereza Sobreira/Ministério da Defesa
A aquisição dos 36 caças Gripen NG, de tecnologia sueca, em 2014, seguiu a diretriz de consolidação da nossa indústria de defesa: 40% do desenvolvimento e 100% da montagem final das aeronaves estavam a cargo de empresas nacionais, com total transferência de tecnologia. Os quatro primeiros caças foram entregues à Aeronáutica em 2021, na Suécia, e foram incorporados em dezembro de 2022 ao 1º Grupo de Defesa Aérea, de Anápolis.
A compra dos caças Gripen, de fabricação sueca, seguiu diretriz de consolidação da nossa indústria de defesa, com total transferência de tecnologia ao Brasil. | Foto: FAB/divulgação
“O Brasil não tem inimigos, mas não pode descartar a hipótese de ser envolvido (ainda que à sua revelia) em disputas militares, seja para defender-se de uma ação que tenha por alvo seus recursos, seja em função de conflitos entre terceiros, que venham a afetá-lo”, afirmou o ministro da Defesa do governo Lula, Celso Amorim.
“O avanço da indústria de defesa brasileira é básico para assegurar a autonomia numa área vital para que a sociedade possa viver tranquila. Tanto na segurança pública em grandes eventos, como para nos proteger em possíveis conflitos, ou até mesmo nas missões de paz nas quais o Brasil participa”, completou Amorim.
Ao mesmo tempo que se preparou como nunca para a defesa de nossa soberania e nossos recursos, o Brasil durante os governos do PT se fortaleceu para a paz. Além da dissuasão, a política de defesa brasileira se baseou na estratégia da cooperação militar com países da América do Sul e da África.
Para os governos Lula e Dilma, o complemento de uma política externa pacífica foi uma política de defesa robusta. A construção de um país cada vez mais pacífico também envolveu estar cada vez mais preparado para a defesa de sua soberania.
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Indústria de Defesa
Por quase duas décadas, as indústrias brasileiras de equipamentos de defesa dependeram de exportações limitadas a poucos mercados. Bastava um pedido ser cancelado para que ocorressem demissões e a crise se instalasse. Em 2001, por exemplo, as exportações do setor foram insignificantes: apenas US$ 150 milhões.
Duas iniciativas dos governos Lula e Dilma foram decisivas para mudar esse quadro. Primeiro, a abertura de novos mercados pela diplomacia brasileira atraiu o interesse das forças armadas de outros países, resultando no incremento das exportações para cerca de US$ 2 bilhões (crescimento de 13 vezes em relação a 2001). Segundo, o próprio governo brasileiro tornou-se cliente dessas empresas, saindo da situação de congelamento dos anos 1990 e início do século 21.
Durante os governos progressistas, o mercado de equipamentos de defesa, como caminhões militares, veículos blindados, aviões, radares, simuladores de voo e helicópteros, ajudou a dinamizar 190 empresas brasileiras, que mantiveram 30 mil empregos diretos e 120 mil indiretos e venderam US$ 4 bilhões anuais, metade disso em exportações.
A reestruturação das Forças Armadas nos governos do PT foi alicerçada em dois objetivos: assegurar condições de operação das funções constitucionais às três armas e estimular o desenvolvimento produtivo e a inovação para a consolidação da indústria de defesa nacional. Outra decisão estratégica foi a de utilizar as compras governamentais para fortalecer a cadeia produtiva da indústria brasileira e de serviços associados.
As mudanças foram lastreadas pelos investimentos em defesa, cujo orçamento saltou de R$ 69,2 bilhões para R$ 108,4 bi, no período de 2003 a 2015 em valores atualizados. O orçamento cresceu 57% acima da inflação, deixando as Forças Armadas mais bem aparelhadas, bem remuneradas e integradas ao projeto democrático do país. A implementação do Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (PAED) ainda determinou os projetos de médio prazo para o reaparelhamento das Forças Armadas.
Com a criação da Lei nº 12.598 de 2012, que regulamenta o Fomento à Base Industrial de Defesa, Dilma concedeu tratamento diferenciado às indústrias classificadas como estratégicas e criou incentivos ao desenvolvimento tecnológico a partir das encomendas feitas pelas Forças Armadas.
Confira a seguir alguns resultados e projetos estratégicos implementados pela política de defesa nos governos do PT:
Conheça o Guarani, veículo blindado produzido no Brasil:
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Ciência e Tecnologia
A inovação científica é pré-requisito para qualquer país que deseje utilizar potencial dissuasório para proteger suas riquezas e evitar conflitos armados.
Nos 20 anos que antecederam aos governos Lula e Dilma, o Brasil praticamente havia deixado de investir nesse tipo de pesquisa. Apenas a partir de 2003, com a eleição de Lula, os investimentos foram retomados. Programas de apoio direto foram criados e o governo federal passou a dividir com as empresas o risco das pesquisas.
Com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), que seleciona projetos aptos a receber financiamento do Programa Inova, 872 projetos receberam R$ 2,15 bilhões, entre 2006 e 2010. Em janeiro de 2014, em nova etapa do programa, outros 91 projetos foram selecionados para inicialmente dividir os R$ 2,9 bilhões disponíveis. A presidenta Dilma então decidiu aumentar o valor do financiamento para R$ 8,68 bilhões.
Conheça o avião de transporte militar brasileiro KC-390, parceria FAB-Embraer, com participação de mais de 50 empresas nacionais:
Outro modo de o país se manter atualizado com o que há de mais avançado e inovador foi vincular suas compras à transferência de tecnologia. Isso ficou demonstrado pela escolha, em 2014, da empresa sueca Saab como fornecedora dos 36 novos jatos Gripen adquiridos para contribuir com a modernização da Força Aérea Brasileira (FAB).
Quando da aquisição, a empresa prontamente concordou em transferir toda a tecnologia do projeto ao Brasil. Isso já havia acontecido antes, na compra de helicópteros em fabricação pela Helibras, nos quais os componentes nacionais corresponderam a 50% do custo do equipamento.
A diversificação de fornecedores também foi fundamental para reduzir a dependência de equipamentos de um único exportador.
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Cooperação Internacional
Com a certeza de que a cooperação é a melhor garantia para a paz, a estratégia de defesa brasileira dos governos Lula e Dilma acompanhou os rumos da política externa e mantiveram relacionamento permanente com as forças armadas dos países vizinhos, dos países africanos e das potências emergentes dos BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul).
A cooperação assumiu várias faces: das manobras militares conjuntas à criação de centros de formação; da parceria no desenvolvimento de armamentos ao treinamento de militares de nações amigas.
A partir da criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, em 2008, no âmbito da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o diálogo entre as forças dos países do continente tornou-se permanente e as iniciativas em conjunto foram pelo mesmo caminho. Em fevereiro de 2014, os países da Unasul decidiram criar a Escola Sul-Americana de Defesa, um novo espaço de reflexão e formação de civis e militares, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de uma identidade de defesa sul-americana.
Com os BRICS, o relacionamento estreitou-se. Além de manobras militares conjuntas com a Marinha da Índia, o Brasil, em 2006, assinou acordo com a África do Sul para empresas de ambos os países criarem e produzirem um novo míssil ar-ar de 5ª geração, projeto que já está em fase final de desenvolvimento. Ainda no continente africano, a FAB mantém programa permanente de treinamento para oficiais moçambicanos.
A Marinha brasileira, por sua vez, orientou a criação da Marinha da Namíbia, que forma seus quadros no Brasil e conta com o apoio de uma equipe brasileira em seu território. Doou também a corveta Purus e gerenciou a aquisição pela Namíbia de um navio-patrulha e dois avisos fabricados no Brasil, já entregues.
Criação do Conselho de Defesa da Unasul tornou permanente o diálogo entre as forças armadas dos países sul-americanos e ampliou iniciativas em conjunto. | Foto: Unasur/Divulgação
No âmbito do Conselho de Defesa Sul-Americano, Brasil, Argentina, Venezuela e Equador trabalharam no desenvolvimento conjunto do Avião Regional de Treinamento, primeira aeronave de defesa da Unasul. O projeto chegou a ser exibido em uma feira na Argentina, mas acabou cancelado devido a atrasos e o desinteresse de alguns países, que optaram por comprar aviões de outros fornecedores. Ainda assim, foi um passo inédito na integração militar regional e possibilitou a criação da Escola Sul-Americana de Defesa (Esude).
A Unasul trabalhou ainda no desenvolvimento de um vant (veículo aéreo não tripulado) e de um projeto de ciberdefesa no âmbito regional.
Todos esses projetos acabaram ou descontinuados ou abandonados após o golpe de 2016 e o consequente abandono da Unasul pelo Brasil.
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Missões de Paz
Fazer parte de operações de manutenção da paz não é novidade para as forças armadas brasileiras. A novidade veio quando o Conselho de Segurança da ONU decidiu enviar uma missão de estabilização ao Haiti, em 2004, e designou o Brasil como protagonista da missão, coordenando e comandando as ações.
O Brasil permaneceu à frente da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) desde sua criação, em setembro de 2004, até seu encerramento, em outubro de 2017. Desde 2011, assumiu também outro papel que fez crescer ainda mais a credibilidade internacional do país: o comando da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). A Força-Tarefa é composta por 800 militares de 33 países, 11 navios, e tem por objetivo monitorar o embargo de armas e treinar quadros da Marinha do Líbano.
Outro importante desafio para o Brasil surgiu em 2013, quando o país assumiu o comando geral da maior e mais importante missão de paz da ONU, na República Democrática do Congo, na África.
Foram 22 mil homens de 20 diferentes países, com uma tarefa inédita na história da ONU: pela primeira vez, os “capacetes azuis” tiveram autorização para atacar os grupos insurgentes e exércitos irregulares que operam na região. Entre 2013 e 2015, três generais brasileiros passaram pelo comando da missão no Congo.
Por conta da presença cada vez mais constante nesse tipo de ação, o Governo Lula criou, em 2010, o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil, na Vila Militar do Rio de Janeiro. O Centro é especializado em preparar militares brasileiros e estrangeiros que irão embarcar para as missões das Nações Unidas.
Brasil comandou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e a Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Defesa Cibernética
Em 2009, surgiu o Projeto Estratégico de Defesa Cibernética do Exército. No ano seguinte, todas as atividades das três Forças nessa área passaram a ser coordenadas pelo Centro de Defesa Cibernética. A primeira ação prática dos especialistas do Centro aconteceu em 2012, na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
A revelação de que agências norte-americanas espionaram as comunicações em todo o planeta, incluindo empresas e chefes de Estado de países aliados, acelerou os planos brasileiros para proteger o Brasil de ataques digitais. Nos primeiros dias de 2014, o governo Dilma destinou R$ 40 milhões para a criação da Escola Nacional de Defesa Cibernética, sob responsabilidade do Ministério da Defesa, com o objetivo de ser aberta a servidores de todas as áreas da Administração Pública. Os primeiros cursos à distância começaram a ser preparados por um instituto-embrião.
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Fronteiras
Apreensão de armas e drogas nas fronteiras aumentou segurança em todo o país
Lançado pela presidenta Dilma em junho de 2011, o Plano Estratégico de Fronteiras consolidou a opção dos governos do PT pelo enfrentamento ao crime organizado, incluindo ações de vigilância, repressão e inteligência, por meio da união inédita entre Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e demais forças de segurança.
Em 2012, foi criado o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) para proteger a integridade dos territórios e combater os crimes na região fronteiriça ao longo dos 17 mil quilômetros de fronteiras terrestres. O sistema é composto por satélites, radares e outros sensores para aplicar varreduras territoriais. Os dados são enviados a agentes que monitoram a vigilância em tempo real. Cerca de 70% dos equipamentos e tecnologias usados são de origem nacional.
O projeto-piloto do Sisfron foi implantado em cerca de 600 quilômetros da faixa de fronteira, no sudoeste do Mato Grosso do Sul, a partir do município de Dourados.
Em 2015 foram realizadas as seguintes ações: incremento na entrega de equipamentos ópticos e eletrônicos de alta tecnologia; instalação de novas torres da rede estratégica de comunicações fixas; integração dos diversos subsistemas de sensoriamento remoto e apoio à decisão; e obras e serviços de engenharia para construção e adequação de instalações militares.
Plano Estratégico de Fronteiras envolve Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança | Foto: Jorge Cardoso/Ministério da Defesa
Também no escopo do Plano Estratégico de Fronteiras foi criada a Operação Sentinela, com caráter permanente. Suas ações integraram diferentes órgãos para desarticular organizações criminosas, por meio da apreensão de armas, produtos contrabandeados e prisões em flagrante.
Já a Operação Ágata, coordenada pelo Ministério da Defesa, mobilizou efetivos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para atuar em pontos estratégicos da fronteira. Durante a operação, foram realizadas missões táticas destinadas a coibir delitos como narcotráfico, contrabando, tráfico de armas e munições, crimes ambientais e garimpo ilegal. As ações abrangeram desde a vigilância do espaço aéreo até operações de patrulha e inspeção nos principais rios e estradas que dão acesso ao país.
Em oito edições, Operação Ágata apreendeu 71 toneladas de drogas e destruiu várias pistas de pouso clandestinas, usadas pelo narcotráfico | Foto: Jorge Cardoso / Ministério da Defesa
Deflagrada pela primeira vez em agosto de 2011, a Operação Ágata já cobriu, ao longo de oito edições, toda a extensão da fronteira terrestre brasileira. A primeira operação, em agosto de 2011, teve a participação de 3 mil militares. Já a Ágata 8, realizada em abril de 2014, mobilizou 30 mil militares, com atuação nos 11 estados brasileiros que fazem fronteira com Suriname, Guiana Francesa, Guiana, Venezuela, Peru, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.
O balanço das oito edições contabiliza a apreensão de 71 toneladas de drogas. Ao mesmo tempo, foram realizados 69 mil atendimentos médicos, além de atendimentos dentários, doação de remédios e aulas sobre cuidados básicos de higiene, em operações destinadas a levar cuidados básicos de saúde às comunidades isoladas.
Ao mesmo tempo que combateu crime organizado nas fronteiras, Operação Ágata levou atendimento médico às comunidades isoladas | Foto: Jorge Cardoso/Ministério da Defesa
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Desmonte
As restrições orçamentárias impostas pelo congelamento dos gastos públicos, os impactos destrutivos da Lava Jato sobre a cadeia da engenharia nacional, que inviabilizou segmentos inteiros da indústria, e a privatização da Embraer, parceira em vários projetos das Forças Armadas, impõem ameaças sobre a indústria da defesa nacional, sobre os empregos e a geração de tecnologia.
A liderança do Brasil na atuação em forças de paz deveu-se ao fato de o país ser reconhecido pelo respeito à soberania dos povos e pela neutralidade em relação aos interesses de um ou outro país. O posicionamento ideológico que o Brasil assumiu em sua política externa no governo Bolsonaro, restringiu o espaço do país nas missões de paz e nas negociações de conflitos.
Antes da posse do presidente Lula, havia dúvida sobre como um governo do PT trataria as Forças Armadas, que estavam sucateadas. O que aconteceu nos governos do PT?
Lula e Dilma multiplicaram por dez os investimentos em defesa e criaram programas de estímulo à indústria de defesa nacional. Duas iniciativas foram decisivas para mudar o triste quadro do passado. Primeiro, a abertura de novos mercados pela diplomacia brasileira atraiu o interesse das forças armadas de outros países; com isso, as exportações na área de defesa cresceram 13 vezes. Segundo, o próprio governo brasileiro tornou-se cliente dessas empresas, saindo da situação de congelamento dos anos 1990 e início do século 21.
Por que é preciso investir em armas e equipamentos de defesa, se o Brasil não está em guerra?
O Brasil foi um dos países que mais cresceram na última década, por isso precisa de uma capacidade militar capaz de dissuadir (desencorajar) quem tente se apoderar de riquezas como pré-sal, água doce, energia hidrelétrica, produção brasileira de alimentos etc. Por essa razão, o Brasil multiplicou por dez os investimentos em defesa: de R$ 2,4 bilhões em 2003, para R$ 9,8 bilhões, em 2015.
As indústrias brasileiras de armas e equipamentos receberam algum incentivo do governo ou Lula e Dilma preferiram importar?
Lula e Dilma tiraram a indústria de defesa da estagnação. Além de incentivar as pesquisas e estimular as exportações – por conta da abertura de novos mercados pela diplomacia brasileira – o governo brasileiro tornou-se cliente preferencial da indústria nacional. As compras de equipamentos, a exemplo de caminhões militares, aviões, radares, simuladores de voo, veículos aéreos não tripulados, entre muitos outros, ajudaram a sustentar 190 empresas que garantiram 30 mil empregos diretos e 120 mil indiretos e venderam US$ 4 bilhões anuais, metade disso em exportações.
Qual o papel do governo federal na modernização das Forças Armadas?
Com Lula e Dilma, foram criados programas de apoio direto e o Governo Federal passou a dividir com as empresas o risco da pesquisa. O programa Inova, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, selecionou projetos para receber financiamento. De 2006 até 2010, 872 projetos receberam R$ 2,150 bilhões. Em janeiro de 2014, em nova etapa do programa, mais 91 projetos foram selecionados para dividir os R$ 2,9 bilhões disponíveis. Dilma decidiu aumentar então o valor do financiamento para R$ 8,6 bilhões. Antes de Lula e Dilma, nada disso existia.
Por que o governo brasileiro optou por comprar os jatos suecos Gripen e não os americanos F-16 ou o francês Rafale?
O governo optou por modernizar a Força Aérea com 36 jatos Grippen porque seu fabricante, a Saab, concordou em fazer a plena transferência tecnológica. Vincular as compras à transferência de tecnologia foi uma forma de manter-se atualizado com o que há de mais avançado no mundo. Isso já havia acontecido antes na compra de aviões de transporte e de patrulhamento.
Qual o papel das Forças Armadas no patrulhamento das fronteiras?
Marinha, Exército e Aeronáutica, coordenados pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), mobilizam-se para monitorar e patrulhar as extensas linhas de fronteira brasileiras, tanto em operações temporárias quanto em operações permanentes de inteligência. As ações, pontuais e ostensivas, abrangem desde a vigilância do espaço aéreo até operações de patrulha e inspeção nos principais rios e estradas que dão acesso ao país. A atuação integrada das Forças Armadas – com o apoio dos órgãos de segurança pública, como a Polícia Federal e a Força Nacional – inclui também assistência médica e odontológica junto às comunidades de povoados e cidades isoladas.
As Forças Armadas agora estão sob o controle da sociedade, como outras instituições, ou permanecem como um organismo à parte?
As Forças Armadas são hierarquizadas e disciplinadas. As criações do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas pelo governo Lula, em 2010, e da Secretaria Geral do Ministério da Defesa pelo governo Dilma, em 2013, aumentaram as prerrogativas do Ministério da Defesa, que passou a ter uma chefia da área militar e outra da área civil. Ambas respondem diretamente ao ministro de Estado, fortalecendo o controle civil e a democracia brasileira.